quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Luz Instantânea



Para mim, fotos em polaroides sempre tiveram alguma espécie de significado pessoal, uma questão antes do que mais nada nostálgica. Isso ocorre pois a minha primeira câmera foi uma Polaroide e a ganhei quando era nada mais do que uma criança, e apesar de não ter tirado fotos com nenhuma intenção especifica, retratei por meio delas o meu cotidiano. Quando soube que estava acontecendo uma exposição de polaroides do renomado diretor Andrei Tarkovsky, me interessei prontamente em saber como seria a estética dessas fotos.




A exposição apresenta fotos tiradas entre o fim da decada de 70 até 1983, período em que o diretor estava na Itália distante de sua família durante as filmagens do filme "Nostalgia". As temáticas das fotos variam desde fotos tiradas do cotidiano do diretor e de sua família antes de partir para a Itália, até paisagens onde o diretor consegue mostrar o seu estilo cinematográfico, algo que beira a realidade e um universo onírico.


O que mais me chamou atenção nesta exposição foi reparar que até mesmo um recurso fotográfico simples e imediato como a Polaroide pode ser usado como forma de criar-se uma estética particular.

Data: a partir de 17 de outubro a 25 de novembro de 2012.
Horários de funcionamento: de terça a domingo, das 10h às 18h, quinta-feira, das 10h às 20h
Local: Museu de Arte de São Paulo - Masp.
Preço: R$ 15 e R$ 7 (meia-entrada). Gratuito às terças-feiras.
http://masp.art.br



Pedro Reali



"Obsessões da Forma"


Por Gabriel Tolloto Ribeiro




A exposição “Obsessões da Forma”, realizada no MASP, reúne ao todo 50 obras de diversos artistas, dentre eles, Edgar Degas, Pierre-Auguste Renoir e até mesmo duas esculturas chinesas da Dinastia Tang (618-907 d.C). A mostra foi divida em sete segmentos: abstração, animais, bustos, casais, dança, guerreiros e nus. Dispostos de modo a sugerir ao observador uma experiência concreta do espaço, estes grupos condensam parte considerável da história da obsessão humana com a forma no espaço.

Esculturas sempre me encantaram. A forma, a precisão, a tridimensionalidade inexistente nas pinturas. Por esses e outros motivos, resolvi visitar esta exposição.

Guerreiro chinês - Dinastia Tang
(618-907 d.C)
131 x 66 x 38 cm
Ao chegarmos no salão da mostra, nos deparamos primeiramente com o par de guerreiros chineses da Dinastia Tang, esculpidos em terracota. As obras são de uma beleza incalculável, e a perfeição de cada detalhe é deslumbrante. A técnica realmente impressiona.
Outra obra que me chamou bastante a atenção foi a “Vênus Vitoriosa” (1915-16) de Renoir. Feita de bronze, ela tem 180cm de altura. Diferentemente das esculturas gregas, essa Vênus tem um caráter impressionista, e percebemos esse caráter principalmente nas formas do seu rosto, que foge da beleza idealizada pelos gregos. 
Uma obra que me deixou bastante intrigado foi a “Sonho de Amor” de Zoltan Vertes. Ela consiste em um casal que se beija e se mistura de uma forma que os dois viram uma coisa só. Na parte de cima conseguimos distinguir quem é quem, mas conforme vai descendo eles se juntam até chegarem a um único ponto – não existe mais ele e ela, os dois são um. É uma peça belíssima.




























Vênus Vitoriosa - Pierre-Auguste Renoir (1915-16)                                                             Sonho de Amor - Zoltan Vertes
Altura 180 cm, base 128 x 80 cm                                                                                                           aprox. 80 cm   


Para finalizar, a minha obra favorita da exposição foi “A Eterna Primavera” (1897) de François-Auguste-René Rodin. Eu passei um tempão admirando essa obra, e sinceramente não cansava de olhá-la. Um casal, novamente, que se beija; mas essa obra transmite uma intensidade, uma paixão indescritível. As formas clássicas transmitem uma perfeição, algo realmente impressionante. Não dá para cotempla-lá através de uma foto, é preciso vê-la pessoalmente.

 A Eterna Primavera - François-Auguste-René Rodin (1897)
67 x 84 x 41 cm

Infelizmente, as obras de Degas não estavam lá. Constavam no site e no folheto, pelo menos duas obras dele (“A bailarina de 14 anos” e “Cavalo a galope”), mas elas não estavam lá. Não sei se isso aconteceu justo no dia em que eu visitei a exposição, ou se realmente retiraram essas obras permanentemente.
No geral a exposição é muito boa. Mas uma coisa me deixou extremamente frustrado: o fato de não poder tocar nas obras. Eu gostaria muito de ter podido tocá-las e sentido, as formas e o material utilizado, com as minhas próprias mãos. Mas enfim, eu entendo o por quê (são obras raras, únicas, e se algum maluco as derruba... já era).
Eu gostei muito e acho que vale a pena conferir!



Greta Garbo - Ernesto de Fiori (1937)
42,5 x 20 x 19 cm
Móbile - Alexander Calder (1944-48)
129 x 80 x 35 cm
Macaco com Gato - Jim Dine (1999)
215 x 69 x 41 cm

Homem em pé - Felicia Leirner (1959)
167 x 47 x 33 cm


Local: Galeria Clemente de Faria, 1 e 2 subsolos do MASP - Avenida Paulista, 1578
Período: De 10 de junho a 10 de novembro de 2012.
Horários: Terças a domingos e feriados, das 10h às 18h. Quintas-feiras das 10h às 20h. A bilheteria fecha sempre 30 minutos antes.
Ingressos: R$15,00. Estudantes, professores e aposentados com comprovantes pagam R$7,00. Visitantes até 10 anos e acima de 60 anos de idade têm entrada gratuita.
Link: http://masp.art.br/masp2010/exposicoes_integra.php?id=115&periodo_menu=cartaz                                                       

                               

terça-feira, 30 de outubro de 2012

A Abordagem Mediterrânea




A exposição “A Abordagem Mediterrânea” reúne obras de 14 artistas que vão desde fotografias e esculturas até produções audiovisuais. O que une todos esses artistas em uma única exposição é simplesmente o fato de todos eles serem de países do Mediterrâneo ( sul da Europa e Norte da África).


            Quando comecei a pesquisar sobre qual exposição ir, procurei com mais ênfase alguma com foco em fotografia. Essa sempre foi minha paixão, e nunca tive dúvidas sobre que tipo de exposição eu queria ir. Então encontrei na internet “A Abordagem Mediterrânea”, no SESC Pinheiros. Nunca havia ido no SESC, e tinha uma imagem diferente em minha cabeça.  Imaginava que seria um lugar feio, desgastado, sem organização. Mas ao chegar me deparo com um prédio extremamente bonito, com arquitetura moderna, e que me chamou muita atenção.
            Ao entrar na exposição me deparo com um ambiente completamente organizado, com uma iluminação que dá uma sensação de calma. A exposição tem como objetivo mostrar a visão de mundo de artistas do Mediterrâneo, sendo mostradas através de diversas maneiras.
            Uma obra que me chamou muito atenção foi uma produção audiovisual de Faouzi Bensaid, chamada “Le Mur. O artista criou um vídeo de cerca de 10 minutos, que mostra um muro. Simples assim. Se utilizando de um único enquadramento com câmera fixa, o artista filmou simplesmente um muro em uma cidade marroquina. E durante o curta, aparecem na frente do muro pessoas correndo atrás de galinhas, homens correndo, famílias andando.

Foto de uma sala de exibição do curta "Le Mur" de Faouzi Bensaid
Não é no SESC essa foto.












Na exposição tem diversos outros curtas, como “O Mar”, de Ange Leccia, que mostrava o mar sendo filmado de cima, com as espumas das ondas fazendo desenhos sobre a tela, mas nenhum deles me chamou muito a atenção.

Então resolvi dar mais atenção para a parte da exposição que eu tanto esperava: as fotografias. Comecei pela série de 6 fotos, intituladas “O Céu”, de Marie Bovo. Em todas as fotos, o artista resolveu mostrar o céu de uma visão de pátios de prédios antigos.  Usando a técnica de deixar o obturador bastante tempo aberto, dando assim um efeito de cor muito mais forte para o céu ( principalmente anoite, quando fica com um azul mais claro). Com um uso de grande angular, que dá um efeito de profundidade maior, nos sentimos meio que engolidos pelos prédios, presos de certo modo.  E observando as roupas penduradas no varal, pensamos que pessoas vivem lá, e provavelmente tem essa sensação todos os dias.



Pátio Interno "O Céu"de Marie Bovo
Ilfochrome sobre alumínio 120 x 152 cm cada 

















Mas com certeza, em toda a exposição, a obra que mais me chamou a atenção foi a série de 57 fotografias “Anjos de Veneza”(Angels of Venice). Me chamou muito a atenção pela qualidade técnica, exposição, enquadramento e principalmente pela ideia que queria passar. Em todas as fotos, apareciam pessoas, em diversas posições e lugares, mas todas tinham um livro aberto preso em suas costas. Então parei para pensar, os livros pareciam asas. Bastou isso para me encantar, juntar duas coisas que venero em um único lugar: fotografia e literatura. O que eu pelo menos penso que o autor quis motrar é que o livro liberta, nos leva para qualquer lugar do mundo independente de onde nós estejamos. E depois analisando o título da obra pensei em mais uma coisa: O Livro nos eleva à outro estado, como anjos. E ele não podia ter conseguido passar essa mensagem de maneira mais bonita, do que através da fotografia.


"Anjos de Veneza", 2011, Peter Wuthrich
Série de 57 fotografias, molduras de madeira
Dimensões diversas











E a última obra que me chamou atenção foram as 6 esculturas de David Casini chamadas “Il Ritorno dell’ lllogica Abitudine” ( Costumo Ilógico). Olhando de longe pareciam apenas 4 pequenas maquetes de prédios, mas ao me aproximar eu vi que elas foram construídas sobre esqueletos de coral. Então fui ler a placa e entendi o que o autor queria transmitir. Eram prédios abandonados ou irregulares, e o fato de eles estarem sobre esqueletos de coral simbolizava os violentos impactos sociais e ambientais sofridos pela sociedade mediterrânea. Ou seja ele mostrou em uma obra aparentemente simples uma questão social e ambiental.

"Costume Ilógico", 2011, David Casini
Resina, corais, madeira e vidro
Dimensões diversas
Vista da instalação no Palazzo Zenobio, Veneza











No geral foi uma exposição muito interessante, com obras que me suprienderam e fizeram eu sair do SESC completamente satisfeito.

LOCAL: SESC Pinheiros
Endereço: Rua Pais Leme, 195 – Pinheiros – São Paulo
Quando: 13 de Janeiro de 2013
Horário: Terça a sexta, 10h às 22h; sábado, domingo e feriados, 10h às 19h.
Preço: Grátis

Eduardo Freire