domingo, 2 de setembro de 2012

Deuses e Madonas – A Arte do Sagrado


DEUSES E MADONAS por André Louis de Paula



A exposição Deuses e Madonas - A arte do Sagrado, é uma compilação de várias obras que datam desde o século XIV até o século XIX, todas elas com uma temática em comum: a representação do divino. Os quadros alternam entre figuras do cristianismo e imagens dos deuses da mitologia grega.

Localizada no segundo andar no MASP, a exposição divide espaço com duas outras, uma sobre o Romantismo e outra sobre diferentes tipo de gravura. As paredes da sessão reservada para "Deuses e Madonas"  foram coloridas de vermelho. Uma escolha interessante, dada a importância deste tom para as obras expostas. Em diversos quadros que retratam a figura de Maria, o vermelho é colocado para representar a parte carnal, humana, terrena do ser. E o azul em contraposição, representa o contato com o divino, o etéreo, a alma. Assim dizem os escritos dispostos ao lados de obras como "Virgem com o Menino e São João Batista Criança" (1490/1500).

Dividos pelos períodos em que foram feitos, os quadros apresentam uma surpreendente variedade no que diz respeito a representação das mesmas personalidades divinas. Pode-se ver a rigidez e a falta de fidelidade com o real nos quadros do séc. XIII, suas Marias possuem faces frias e indiferentes, os anjos e os meninos Jesus parecem crianças sem vida. Fica claro a que a intenção dos artistas medievais era passar uma ídeia e não imitar a realidade. Destas obras cuja temática eram os momentos ilustres da Bílbia, me marcaram os quadros robustos e redondos, cujas molduras eram feitas de uma madeira que parecia ter saido da árvore mais antiga do mundo.


Avançando pelo acervo, chegamos na Renascença, onde entram em cena a perspectiva,a luz e a simetria infalível. Nesta sessão aparecem as imagens da mitologia grega. Passagens como o banho de Diana e o julgamento de Páris são magistralmente elaboradas por artistas como Rafael de Sanzio e Botticelli.
Aqui as figuras bíblicas ganham expressões faciais, linhas curvas pelo corpo e um cenário amplo ao fundo. As cores ganham mais importância e vemos uma grande variedade nas interpretações de cada artista do que foram os eventos descritos no livro sagrado do cristianismo.


Entre estas partes da exposição, estão dispostas algumas esculturas gregas. A representação da deusa da higiene, de uma bacante (adoradas do deus Baco) adormecida e da deusa Diana, também dormindo. Com certeza uma das melhores parte da experiência foi a de parar diante da escultura de Diana e ficar ali por alguns minutos, admirando a maestria do homem que trouxe aquela obra a vida.


Em seguida, vemos as obras do período barroco da arte. Cada quadro se torna um momento tirado de uma peça de teatro. O jogo de luz e sombra, as faces com emoções nitidas e um grau de detalhamento em tecidos e jóias impressionante.

E por fim, dispostos numa única parede, estão as obras que mais me capturaram a atenção na exposição inteira. As Quatros Estações, de Eugène Delacroix, são quatro quadros enormes, que descrevem cenas clássicas do mítico grego. Nestes painéis, ele dá os primeiros indícios do que seriam as características do movimento impressionista, que viria a acontecer muitos anos depois. Nas mãos do inigualável artista, as figuras ganham menos detalhes, e as pinceladas são mais visíveis, imagens distantes ou pouco importantes se tornam distorcidas. Volta a intenção de se passar uma idéia, uma mensagem com a tela. Não mais é levado em primeiro lugar o compromisso ferrenho com a mímese da realidade.






Deixando a exposição com as imagens destas últimas obras em mente, fiz uma contemplativa e satisfeita volta para casa.

Horário: terça a domingo, das 11h às 18h; quintas, das 11h às 20hPeríodo: Desde 15 de outubro de 2010 até 15 de novembro 2012)
Local: MASP (Museu de Arte de São Paulo) - 2º andar
Endereço: Av. Paulista, 1.578 - Cerqueira César
Telefone: (11) 3251-5644
Ingressos: R$ 15


Nenhum comentário:

Postar um comentário