quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Isaac Julien - Geopoéticas





 A exposição "Geopoéticas" tem como principal atração a paisagem, que é apresentada em 4 videoinstalações muito bem elaboradas e repletas de significados que abrangem muito mais que a inovação no campo audiovisual, colocando em pauta as dimensões terrestres e a interminável antítese de culturas e climas que abrigam um só planeta.


                                                                                                                      Luís Fernando Nicolosi




 Organizada ao longo de uma década, a exposição reúne imagens belíssimas e que aparentam terem sido planejadas com muita precisão e exatidão. Isaac Julien ao mesmo tempo visa a inovar a linguagem do cinema e ressaltar a dimensão geográfica e cultural da Terra.





Gostaria de ressaltar a organização do SESC Pompeia e elogiar também o cuidado que as obras recebem. É notável o reconhecimento por parte dos técnicos e responsáveis pela exibição dos filmes. Sem contar que o ambiente de cada "sala" para as videoinstalações foi muito bem pensado, pois não há nada que possa fazer o espectador se distrair da imagem. Em especial a quarta "sala" foi a que mais me encantou. Esta conseguiu ser sede de 9 telas e diversas caixas de som de tal modo que nem sequer pude perceber o tamanho do galpão no qual me localizava. Tudo é muito sutil e cômodo, talvez por isso seja tão agradável.



 Obras: instalações


The Leopard, 2007
20’, 35mm, cor
Versão monocanal da instalação Western Union: small boats, o filme tem como ponto de partida visual O Leopardo (Il Gattopardo, 1963), obra-prima do cineasta italiano Luchino Visconti. Julien tenta dialogar com a questão do 'vazio' através da escolha dos mesmo cenários que o filme de Visconti. A parte de dança e gesto é envolvente, pois é apresentada de modo muito fiel ao ambiente em que o dançarino se encontra.  Uma visão bem humanizada e poética; imagem e voz combinam-se sincronicamente.








 Paradise Omeros, 2002
20’, 16mm, preto e branco/cor, três telas
Paradise Omeros mergulha nas fantasias e sentimentos relacionados ao que Julien chama de “crioulidade”: a língua misturada, os estados mentais híbridos e as transposições territoriais que surgem quando se vive entre múltiplas culturas. Usando a imagem recorrente do mar, o filme arrasta o espectador em uma meditação poética sobre as marés alta e baixa, que alternam o que é próprio e o que é estranho, amor e ódio, guerra e paz, xenófobos e xenófilos. Ambientada em Londres, na década de 1960, e na ilha caribenha de Santa Lucia, nos dias de hoje, a obra baseia-se livremente em poemas da obra Omeros (1990), do poeta caribenho Derek Walcott.








Fantôme Créole, 2005
23’, 16mm, cor, quatro telas
Fantôme Créole sobrepõe paisagens árticas e africanas, ao combinar dois filmes: True North (2004), livremente inspirado na história do explorador negro Matthew Henson (1866-1955), que acompanhou Robert Peary em expedição pioneira ao Polo Norte; e Fantôme Afrique (2005), filmado em Burkina Fasso. A constante mudança de frio para quente e vice-versa nos dá a impressão de incômodo. Porém o fascínio vem logo em seguida quando imagens filmadas no clima árido são reproduzidas igualmente no clima frio, o que nos faz refletir sobre adaptação e a relação homem-natureza.










Ten Thousand Waves, 2010
49’, 35mm, cor, nove telas, som surround 9.2
Em 2004, 23 catadores chineses de mariscos morreram afogados em meio a uma maré inesperada, na baía de Morecambe, Inglaterra. A tragédia inspira Ten Thousand Waves. Filmada em locações na China, a obra entrelaça poeticamente histórias que ligam o presente ao passado milenar da China. Sua arquitetura explora o movimento das pessoas que cruzam países e continentes, sugerindo uma meditação sobre viagens inacabadas. Concebido e realizado ao longo de quatro anos, TTW resulta da colaboração entre Isaac Julien e algumas das principais vozes artísticas da China, como Maggie Cheung, lendária sereia do cinema chinês; o cineasta Zhao Tao; o poeta Wang Ping; o mestre de caligrafia Gong Fagen; o artista Yang Fudong; o celebrado diretor de fotografia Zhao Xiaoshi; e uma equipe de cem pessoas, entre atores e técnicos. A trilha sonora original foi criada pelo inglês Jah Wobble, a Chinese Dub Orchestra e a compositora contemporânea erudita Maria de Alvear. A parte sonora explora todo o ambiente, consegue realizar movimentos ao redor dos projetores de tal maneira que, na cena do oceano, o som realmente nos transporta para algum local semelhante a uma ilha; o mar nos cerca e cresce a medida que o som cresce.






De 04/11/2012 à 16/12/2012
Terça a sábado, 9h30 às 21h; domingo e feriados, 9h30 às 20h.
Rua Clélia, 93 - Barra Funda - São Paulo - SP - Tel.: (11) 3871 7700
Grátis.

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