Por Gabriel Helú
O MIS, Museu da Imagem e do Som,
desde o dia 10 de outubro está realizando a exposição “Arte e Cinema pelos pôsteres” e reúne trabalhos de 20 artistas selecionados por convocatória, que elaboraram a
releitura de 60 cartazes de filmes consagrados a partir de diferentes técnicas.
De
forma geral, podemos vê-la como um tipo de exposição que pode ser vista em meia
hora, além de possuir alguns aspectos negativos: não há nada responsável por guiar e contextualizar os visitantes, ou mesmo direciona-los –
há apenas um vídeo exibido em um canto da sala que apresenta os artistas
participantes e seus processos de criação -, a distribuição das obras no
ambiente, propositalmente desorganizada e despojada, as vezes acaba causando no
observador certo desconforto. Todavia, a soluções criativas propostas pela
equipe de artistas faz a visita valer a pena.
Pelo
simples fato de serem releituras, na maioria das vezes dependentes dos cartazes originais, não é
possível analisa-las profundamente e retirar delas grandes significados como em
uma obra de arte de primeira mão, contudo,
todas possuem um valor estético muito presente, garantido através da forma como
são criadas e do seu resultado final. Dos inúmeros ali presentes, alguns me
chamaram a atenção: a releitura do cartaz de “Deus e o Diabo na Terra do
Sol” feita pelo artista Quadradão, utiliza duas formas geométricas de acrílico, uma na cor magenta e outra amarela, sobrepondo-as e formando o vermelho, passando assim a mesma sensação
do cartaz original onde essas três cores são muito presentes, porém, a releitura dispõe de
uma maior textura, profundidade e simbologia. Em seguida, me deparo com uma
releitura do cartaz de “Zelig”, de Woody Allen, em que o protagonista do filme é reconhecido como um “camaleão humano”, portanto, nada mais justo do
que passar esta sensação “camaleônica” através da releitura composta por
pequenas bolinhas vermelhas e amarelas, minuciosamente posicionadas, para que
apenas de longe fosse possível enxergar o título do filme. Temos também a
releitura de um dos documentários mais famosos da história, “Triunfo da
vontade”, produzido para apoiar o nazismo e o governo de Adolf Hitler, e a releitura consiste na montagem de uma foto de Hitler composta apenas por
milhares de cópias do símbolo do nazismo, outra vez precisamente posicionadas. Outra que também se destaca é a do filme “Laranja Mecânica”, de
Stanley Kubrick, que reúne vários elementos de grande importância no filme em
apenas um único desenho centralizado no cartaz, além da cor laranja característica
como fundo. Também achei interessante a forma como a Galeria Experiência
(enquanto artista) estabelece uma relação entre o filme “Metrópolis”, de Fritz
Lang, com um videoclipe de Madonna, onde ambos possuem enredos quase idênticos, ou seja,
utilizar de uma outra produção audiovisual sem ser o filme original e criar
algo através dela. Porém, o mais interessante é a estética apresentada nesse
cartaz: a ilustração é um frame retirado do videoclipe que está no Youtube,
onde a barra de tempo, botões de play-pause e a formatação do título do vídeo no site também são aderidos como elementos estéticos na composição da releitura.
Exposição
10 de outubro de 2012 a 13 janeiro de 2013
Terças a sextas, das 12 às 22h; sábados, domingos e feriados, das 11 às 21h
10 de outubro de 2012 a 13 janeiro de 2013
Terças a sextas, das 12 às 22h; sábados, domingos e feriados, das 11 às 21h
Ingresso gratuito
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