quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Arte e Cinema pelos pôsteres


Por Gabriel Helú



            O MIS, Museu da Imagem e do Som, desde o dia 10 de outubro está realizando a exposição “Arte e Cinema pelos pôsteres” e reúne trabalhos de 20 artistas selecionados por convocatória, que elaboraram a releitura de 60 cartazes de filmes consagrados a partir de diferentes técnicas.

            De forma geral, podemos vê-la como um tipo de exposição que pode ser vista em meia hora, além de possuir alguns aspectos negativos: não há nada responsável por guiar e contextualizar os visitantes, ou mesmo direciona-los – há apenas um vídeo exibido em um canto da sala que apresenta os artistas participantes e seus processos de criação -, a distribuição das obras no ambiente, propositalmente desorganizada e despojada, as vezes acaba causando no observador certo desconforto. Todavia, a soluções criativas propostas pela equipe de artistas faz a visita valer a pena.



            Pelo simples fato de serem releituras, na maioria das vezes dependentes dos cartazes originais, não é possível analisa-las profundamente e retirar delas grandes significados como em uma obra de arte de primeira mão, contudo, todas possuem um valor estético muito presente, garantido através da forma como são criadas e do seu resultado final. Dos inúmeros ali presentes, alguns me chamaram a atenção: a releitura do cartaz de “Deus e o Diabo na Terra do Sol” feita pelo artista Quadradão, utiliza duas formas geométricas de acrílico, uma na cor magenta e outra amarela, sobrepondo-as e formando o vermelho, passando assim a mesma sensação do cartaz original onde essas três cores são muito presentes, porém, a releitura dispõe de uma maior textura, profundidade e simbologia. Em seguida, me deparo com uma releitura do cartaz de “Zelig”, de Woody Allen, em que o protagonista do filme é reconhecido como um “camaleão humano”, portanto, nada mais justo do que passar esta sensação “camaleônica” através da releitura composta por pequenas bolinhas vermelhas e amarelas, minuciosamente posicionadas, para que apenas de longe fosse possível enxergar o título do filme. Temos também a releitura de um dos documentários mais famosos da história, “Triunfo da vontade”, produzido para apoiar o nazismo e o governo de Adolf Hitler, e a releitura consiste na montagem de uma foto de Hitler composta apenas por milhares de cópias do símbolo do nazismo, outra vez precisamente posicionadas. Outra  que também se destaca é a do filme “Laranja Mecânica”, de Stanley Kubrick, que reúne vários elementos de grande importância no filme em apenas um único desenho centralizado no cartaz, além da cor laranja característica como fundo. Também achei interessante a forma como a Galeria Experiência (enquanto artista) estabelece uma relação entre o filme “Metrópolis”, de Fritz Lang, com um videoclipe de Madonna, onde ambos possuem enredos quase idênticos, ou seja, utilizar de uma outra produção audiovisual sem ser o filme original e criar algo através dela. Porém, o mais interessante é a estética apresentada nesse cartaz: a ilustração é um frame retirado do videoclipe que está no Youtube, onde a barra de tempo, botões de play-pause e a formatação do título do vídeo no site também são aderidos como elementos estéticos na composição da releitura.









Exposição 
10 de outubro de 2012 a 13 janeiro de 2013
Terças a sextas, das 12 às 22h; sábados, domingos e feriados, das 11 às 21h
Ingresso gratuito


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