quarta-feira, 15 de agosto de 2012

"O Entusiasmo de Anakuma", de Rui Amaral

intervenção urbana - grafite
cruzamento da Av. Paulista com Av. Brigadeiro Luis Antonio, SP

Para inaugurar este blog, eu já havia resolvido: vou na exposição do Caravaggio, um dos mais emblemáticos artistas do Barroco italiano, em cartaz na cidade desde o início de agosto. Evitei a terça-feira, dia de semana em que o MASP tem entrada gratuita, e preferi ir mesmo em um dia pago, no meio da semana, para evitar a multidão.

Ingenuidade. No dia escolhido, a atmosfera do lugar lembrava uma Disney em férias de julho. Filas quilométricas, crianças correndo, senhoras com seus imensos óculos escuros reclamando de tudo, caravanas de turistas. Todos ansiosos para receberem o carimbo "Caravaggio" em seus currículos, traduzindo bem a histeria que a espetacularização da arte provoca na sociedade contemporânea. 

Desisti e decidi vasculhar na própria Paulista por outras exposições ou centros culturais para este trabalho. Talvez a Fiesp ou o Itaú Cultural, pensei. Mas foi bem mais simples. No meio do caminho, me deparei com uma imensa intervenção urbana, recém finalizada, na parede um prédio de 35 metros. Descobri então que seu autor, o grafiteiro Rui Amaral, empresta suas cores à nossa cinza cidade já há algum tempo, mais precisamente à Avenida Paulista e um é dos nomes relevantes no cenário da street art de São Paulo.

É dele, por exemplo, os grafites que ficam na outra ponta da avenida, na saída do "buraco" que vai dar na Av. Dr. Arnaldo. Ou então, a caixa d'água do Parque Mário Covas. O artista nasceu em Jaú, está há 30 anos no mundo das artes, e vivenciou desde as repressões durante a ditadura até a liberação do grafite como forma de arte e expressão nos dias de hoje.

O “Entusiasmo de Anakuma" fica na lateral do Edifício Helena, e é sua terceira e maior intervenção na Paulista. Inspirado nas lendas dos deuses astronautas, Amaral contou com a ajuda de outros 4 grafiteiros, e ele já prepara mais dois projetos, um na própria Brigadeiro e outro na Consolação.


Todos os trabalhos são autorizados pela Prefeitura e este em específico faz parte de um programa da empresa GE, chamado Galeria GE e que tem a pretensão de fazer de SP, aos poucos, uma espécie de museu a céu aberto, valorizando a arquitetura dos prédios. Essa iniciativa, aliás, está no momento em uma nova etapa, em que o público poderá escolher aqui dois entre outros quatro artistas que pintarão novos painéis na avenida Prestes Maia e na rua Clodomiro Amazonas.

E assim, com essas iniciativas, nossa cidade vai ficando menos cinza, mais bonita. E o melhor: tudo de graça, sem filas e sem histeria. 

Mais sobre Rui Miranda aqui

por (Bob) Yang Mei

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